No Brasil, o Ministério da Saúde instituiu, em 2013, o Protocolo Cirurgia Segura, o qual preconiza o uso sistemático do checklist, e constitui o Programa Nacional de Segurança do Paciente.¹ Entretanto, a prática do protocolo é um desafio atual, pois dentre as dificuldades relatadas, a falta de participação da equipe no processo da cirurgia segura é ponto a ser trabalhado.² Considerando que o reconhecimento do trabalho estimula e mobiliza o profissional, incentivando o seu fazer e que o sentimento de realização profissional e a satisfação no trabalho contribuem para que os enfermeiros se desenvolvam e se sintam estimulados a crescerem profissionalmente³, acredita-se a cultura do elogio possa ser um instrumento estratégico para melhorar a adesão dos profissionais envolvidos com o protocolo de cirurgia segura.

Descrever a experiência de uma enfermeira diante da implementação da cultura do elogio como estratégia de aumentar a adesão ao protocolo de cirurgia segura pela equipe de enfermagem.

Relato de experiência vivenciado pela enfermeira coordenadora do Centro Cirúrgico (CC) de um hospital filantrópico da região Sul do estado do Espírito Santo ao implementar, como estratégia, a cultura do elogio para aumentar a adesão da equipe de enfermagem ao protocolo de cirurgia segura. A estratégia foi aplicada à uma equipe de 41 técnicos de enfermagem que trabalhavam no plantão diurno, vespertino e noturno deste setor.

Diante de um cenário de falhas de preenchimento do check list de cirurgia segura e de não adesão ao preenchimento do painel de time out, os funcionários técnicos em enfermagem recebiam feedback negativo pela conduta não segura que praticavam. Após essa prática durante o período de 2018 a 2019, percebeu-se que poucas mudanças ocorreram no comportamento dos funcionários. Além disso, aqueles técnicos de enfermagem que não erravam passaram a ficar desmotivados. Essa percepção foi notada pelos três enfermeiros que atuavam no setor. Então, optou-se por mudar a forma de abordagem dos enfermeiros à equipe técnica de enfermagem diante das falhas que ocorriam. Atitudes positivas à segurança do paciente cirúrgico passaram a ser mais valorizadas do que em relação as falhas de processo e a cultura do elogio foi então implementada. Como estratégia utilizou-se de fotografias dos funcionários praticando corretamente os atos seguros preconizados como o preenchimento do painel de time out e a contagem de compressas. As fotos passaram a ser divulgadas à própria equipe de enfermagem do CC, em uma rede de mídia social, acompanhada de um texto informativo sempre contendo o nome do funcionário, a atitude segura que ele estava executando e um breve descritivo sobre o objetivo da cirurgia segura que foi atingido. Através dessa estratégia, percebeu-se que os técnicos de enfermagem que não estavam sendo elogiados ficaram incomodados e queriam entender mais sobre como poderiam participar positivamente do processo de cirurgia segura.

A cultura do elogio proporcionou o reconhecimento profissional através da valorização do indivíduo em seu coletivo e tornou a equipe mais vigilante aos processos de cirurgia segura.