O avanço tecnológico, agregado à novas práticas e técnicas cirúrgicas proporcionaram mudanças no processo operatório ao longo dos anos. Alterações não somente de técnicas como também comportamentais foram evoluindo com o tempo. Na década de noventa com a publicação Errar é Humano dados ainda desconhecidos relacionados a eventos adversos ocasionados em pacientes internados foram divulgados nos Estados Unidos, causando posteriormente uma movimentação mundial. A Organização Mundial da Saúde pensando na ampliação desta temática para âmbito mundial organizou a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente em 2004. A primeira meta desta aliança foi melhorar a segurança da assistência prestada ao paciente cirúrgico com a redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário ao paciente. O objetivo foi despertar a consciência dos profissionais envolvidos na assistência, e o comprometimento político das instituições para a melhora e aperfeiçoamento da assistência à saúde, possibilitando boas práticas assistenciais. Outro movimento que fortaleceu o processo assistencial mais seguro para o paciente cirúrgico foi o de acreditação hospitalar tornando a obrigatoriedade de um checklist de segurança perioperatório. Além disso em 2009 a ANVISA lançou o manual de implantação nos serviços de saúde de cirurgia segura. Apesar de ser uma prática bastante difundida mundialmente, e consagrada na diminuição de eventos adversos, ainda existe resistência para sua usabilidade. Como parte imprescindível do processo perioperatório, o checklist de cirurgia segura é uma ferramenta que desde sua instituição visa reduzir erros assistenciais evitáveis. Trata-se de uma ferramenta que registra cuidados de segurança do paciente cirúrgico, previne iatrogenias que frequentemente estão relacionadas à falta de atenção dos profissionais e principalmente a não adesão aos protocolos. Deste modo, o cheklist mesmo sendo uma ferramenta que atua como barreia de eventos adversos, sofre dificuldades de aceitação e adesão. A importância de auditorias para a confirmação da execução do checklist se faz necessária, pois apenas o preenchimento da documentação não é algo que efetivamente garanta um processo seguro.

Relatar a experiência do processo de auditoria da realização do checklist de segurança de acordo com a recomendação da 6ª edição do manual da Joint Commission International.

Descrever a experiência da realização de auditorias internas presenciais em sala operatória para a conferência da aplicação do checklist de segurança em um hospital privado e filantrópico de alta complexidade da cidade de São Paulo. Para a realização das auditorias foi utilizado um questionário de observação estruturado em um aplicativo denominado REDcap® nos meses de março e abril de 2019 totalizando 36 pacientes operados.

Realizadas auditorias locais: 100% dos casos o sign in, time out e sign out foram realizados. Em 11, 5% não foi informado no sign in a necessidade de uso de leito na unidade de terapia intensiva. Em 5,8% foi realizado o time out sem a equipe cirúrgica completa em sala, em 3,9% não foi realizado o sign out com o paciente em sala.

A realização de auditorias presenciais possibilitou a identificação de falhas no processo de realização do checklist de segurança em sala operatória. Apesar da instituição ter a completude de 100% do documento do checklist de segurança no prontuário do paciente os dados encontrados em auditoria demonstraram fragilidades no processo de segurança. Esta ferramenta possibilitou o gerenciamento das falhas para a correção necessária do processo.