O Centro Cirúrgico trata-se do local de maior complexidade dentro do contexto hospitalar, dinâmico, estressante, hostil, apresentando um ambiente físico frio e fechado, estimulando o silêncio e o distanciamento da equipe multidisciplinar do paciente, sendo assim, é crescente a preocupação com essa clientela, relacionado à alta frequência de erros e eventos adversos que, muitas vezes, poderiam ser evitados. Preocupando-se com a segurança do paciente a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 2008, lançou oficialmente a campanha “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”, por meio do uso do Cheklist de Cirurgia Segura como um dos desafios propostos pela Aliança Mundial para Segurança do Paciente. Esse Cheklist deve ser aplicado em todos procedimentos, que impliquem a incisão no corpo humano, dentro ou fora de CC. No entanto, infelizmente a qualidade e a segurança da assistência cirúrgica ainda oferecem riscos em todas as partes do mundo. Nesse contexto, direcionando a prática docente no curso de graduação em Enfermagem na disciplina de Centro Cirúrgico, emergiu a ideia da aplicação do Protocolo de Cirurgia Segura sob a forma de Simulação, tendo em vista que a não visualização imediata da pratica em CC no ensino teórico, dificulta o exercício do raciocínio crítico para tomada de decisão, além de permitir a realização dos procedimentos na prática assistencial.

Relatar a experiência de uso do ensino teórico/prático da atuação do enfermeiro acerca da aplicação do Protocolo de Cirurgia Segura, por meio de Simulação Clínica do processo de ensino-aprendizagem na graduação de Enfermagem, em ambiente cirúrgico seguro preparado em laboratório de enfermagem.

Trata-se de um relato de experiência de simulação clínica realizada no Laboratório da Faculdade de Enfermagem do Centro Universitário de Itapira (UNIESI). para o desenvolvimento de habilidades técnicas por meio da técnica role-play ou "troca de papéis", que consiste em um método de aprendizagem baseada na experiência, no qual os estudantes assumem o papel de outros membros da equipe a fim de compreender um fenômeno partindo de uma perspectiva diferente da sua. Após aula teórica sobre Segurança do paciente os estudantes foram divididos em dois grupos de 10 para aplicação do conhecimento previamente oferecido. As práticas foram conduzidas por meio de casos clínicos, previamente elaborados pelo docente com os respectivos cenários (briefing), aplicados da forma mais realística possível. Finalizando a atividade, os estudantes foram orientados a descrever numa folha em branco suas considerações acerca da proposta, depositando essa numa caixa deixada no laboratório de enfermagem.

Percebeu-se a satisfação por parte do estudante em participar de uma atividade prática em ambiente cirúrgico, o que muitas vezes é difícil por questões inerentes às instituições de saúde, além de exercitar de maneira prática a realidade cirúrgica em Sala de Operações. A estratégia de simulação realizada oportunizou assim, a prática de habilidades em ambiente seguro permitindo o aperfeiçoamento das competências e habilidades cirúrgicas além de proporcionar ao estudante um momento de reflexões para o exercício do raciocínio critico. As considerações dos estudantes em relação a atividade desenvolvida foi extremamente positiva (100% das respostas), destacando-se dentre essas dos estudantes a possibilidade de tal pratica ser extrapolada para outras disciplinas da grade curricular.

A prática em saúde no Centro Cirúrgico demanda estudos de intervenção para que os conceitos já desenvolvidos possam ser validados no cotidiano da assistência, explicitando suas contradições e possibilidades, os quais representam um desafio para o enfermeiro.