O Centro cirúrgico (CC) é destaque pela geração de grande parte da receita do hospital. Em seu gerenciamento é imprescindível mensurar a eficiência na utilização das salas operatórias (SOs). Diversos fatores impactam desde o tipo de cirurgião, ao tipo de procedimento, cirurgias de emergência, demora para o início dos procedimentos, o número de leitos disponíveis para o pós-operatório. Cancelamentos de cirurgias realizados de última hora resultam na utilização ineficiente dos recursos, perda do interesse do paciente pela instituição e perda da capacidade operacional. É preciso repensar no impacto destes cancelamentos a fim de atuar para eliminá-los. A alta taxa de cancelamento torna ociosas filas de espera pelos procedimentos. O cancelamento de cirurgias eletivas tem se mostrado um excelente parâmetro para avaliar a qualidade do cuidado prestado ao paciente e como tem sido desenvolvido o gerenciamento desta unidade.  

OBJETIVO GERAL: Analisar as principais causas de cancelamento cirúrgico em um hospital universitário. OBJETIVOS ESPECIFICOS: Descrever as principais causas de cancelamento cirúrgico encontradas no recorte temporal; Calcular a taxa de cancelamento cirúrgico; Categorizar as causas de cancelamento cirúrgico de maior ocorrência; Comparar as principais causas de cancelamento cirúrgico.

Trata-se de um estudo quantitativo, retrospectivo, com análise documental do banco de dados do sistema eletrônico de gestão hospitalar através da ferramenta "Cancelamento de cirurgias". O estudo foi realizado em um Hospital Universitário, situado na capital de Minas Gerais que conta com 174 leitos de enfermaria e atende 100% dos pacientes provenientes do SUS – Sistema Único de Saúde. O centro cirúrgico da instituição conta com 08 salas cirúrgicas que atendem cirurgias de pequeno, médio e grande porte de diversas especialidades. São realizados mensalmente, em média, 650 procedimentos cirúrgicos. Foram coletados os dados de todas as cirurgias eletivas agendadas de Janeiro de 2016 a Dezembro de 2016. Os dados foram tabulados em planilhas do programa Excel e analisados estatisticamente utilizando a ferramenta SPSS.

Foram realizadas 8121 cirurgias,  desta 1278 foram canceladas determinando uma taxa de cancelamento de 15,6%. Apresentaram maior cancelamentos a quinta-feira (22,4%) e o sexo feminino (55,6%). As maiores causas de cancelamentos foram relacionadas: agendamento (27,6%), paciente (18,9%), cirurgião (18,4%), condição clínica desfavorável  (17,3%), administrativas/ organizacionais (17,1%). As especialidades com mais cancelamentos: ortopedia (31,1%) , cirurgia geral (20,1%) , cirurgia vascular (18,1%) , urologia (12,4%) , cirurgia plástica (8,0%) .

O gerenciamento do CC é uma tarefa complexa pois exige que o binômio qualidade e efetividade andem juntos.  Desta forma o processo requer esforços contínuos para atender com máximo de excelência em qualidade e máxima produtividade, o maior número de procedimentos com o menor custo. A subutilização de SOs reflete o uso ineficiente de todos os recursos disponíveis. O cancelamento de procedimentos impacta aumentando as listas de espera por cirurgias e pode aumentar o custo de internação, exames pré-operatórios, etc. Os clientes do CC, médicos e pacientes ficam insatisfeitos e há quebra na cadeia de confiança com a instituição, portanto não pode, nem deve ser visto como algo rotineiro.