INTRODUÇÃO
A sede é um sintoma multifatorial e subjetivo, e sua prevalência pode alcançar até 89% no pós-operatório imediato¹. Estratégias frias, como o picolé de gelo, são efetivas para minorar a sede em Sala de Recuperação Anestésica². Estas estratégias ativam receptores TRPM8, localizados na cavidade oral desencadeando fatores inibitórios pré-absortivos, resultando na sensação de saciedade da sede e sensação de prazer. O pequeno volume ofertado não aumenta de forma significativa o conteúdo gástrico, tornando-se uma estratégia segura e eficaz para o alívio da sede.
OBJETIVOS
Avaliar o tempo de ação do picolé de gelo no pós-operatório imediato sobre a intensidade e desconforto da sede.
MÉTODO
Estudo quantitativo, prospectivo, quase experimental, pré-teste/pós-teste, realizado no Sul do Brasil. Amostra não probabilística de 80 pacientes adultos no pós-operatório imediato que assim que foram aprovados no Protocolo de Segurança e Manejo da Sede e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, receberam um picolé de gelo de 10 ml (M1). Após o M1 foram avaliados com um instrumento de coleta de dados constituído de dados clínicos, demográficos, presença de sede, aprovação no PSMS, Escala Visual Númerica e Escala de Desconforto da Sede Perioperatória a cada 10 minutos por mais quatro momentos, denominados como M2, M3, M4 e M5.
RESULTADOS
Após 10 minutos da ingesta do picolé de gelo, a intensidade da sede e a pontuação na escala de desconforto da sede diminuíram significativamente (p<0,000). Entre 10 e 20 minutos após a deglutição não houve diferença estatisticamente significativa tanto da intensidade da sede (p<0,041) quanto da escala de desconforto da sede (p<0,054). Após 30 e 40 minutos da deglutição, observou-se que a intensidade e pontuação na escala de desconforto elevaram-se novamente (p<0,000), mostrando uma elevação significativa.
CONCLUSÃO
A administração de um picolé de gelo de 10 ml é o suficiente para minorar e manter o alívio da sede do paciente cirúrgico por 30 minutos. Estes achados permitem uma reflexão sobre as práticas realizadas em sala de recuperação pós-anestésica, priorizando o cuidado efetivo e humanizado ao paciente cirúrgico.