INTRODUÇÃO
A sede é um desconforto percebido por até 89,6% dos pacientes no pós-operatório imediato (POI)¹. A prática usual em sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) é a manutenção do jejum absoluto, pelo temor de eventos adversos, principalmente broncoaspiração. O Protocolo de Segurança de Manejo da Sede (PSMS) foi construído e validado, elevando o nível de segurança da equipe de enfermagem ao prestar cuidados ao paciente com sede por meio dos seus critérios de segurança -nível de consciência, tosse, deglutição e ausência de náuseas e vômitos². Por ser recente, as variáveis que interferem na aprovação dos critérios propostos não foram amplamente pesquisadas, sendo necessário investigação mais aprofundada.
OBJETIVOS
Analisar a associação do uso de medicamentos, técnicas anestésicas e condições clínicas que interferem no tempo de aprovação do paciente no Protocolo de Segurança de Manejo da Sede.
MÉTODO
Estudo quantitativo, analítico e longitudinal realizado no sul do Brasil. Amostra não probabilística composta de 203 pacientes adultos em SRPA. Os pacientes foram acompanhados na SRPA, sendo avaliados utilizando-se o PSMS a cada 15 minutos a partir do momento da admissão durante uma hora. Os dados foram analisados por meio do software IBM SPSS Statistics versão 20.0. A normalidade dos dados foi calculada pelo teste Shapiro-Wilk; a homogeneidade das variâncias entre os grupos pelo teste de Levene. Utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis para testar a distribuição de duas ou mais variáveis independentes e nos grupos com significância estatítistica (p<0.05), realizou-se análise de comparação aos pares. As variáveis foram ranqueadas e comparadas por meio da análise de variância (ANOVA) one-way seguida pelo post hoc de LSD. Adotou-se o nível de significância de p<0.05.
RESULTADOS
A prevalência geral de sede foi de 67,7% com intensidade média de 6,38. Na admissão em SRPA, 117 pacientes (57.6%) foram aprovados no PSMS. Os pacientes que utilizaram fentanil, morfina, rocurônio e sevoflurano tiveram maiores taxas de reprovação no protocolo (P < 0,05) assim como pacientes submetidos a anestesia geral, associada ou não a bloqueios (P<0,001). A condição clínica motivo de maior reprovação foi nível de consciência (95,4%).
CONCLUSÃO
Medicações utilizadas no transoperatório retardam a aprovação no PSMS, no entanto, após 30 minutos 75,4% dos pacientes foram aprovados. Nível de consciência foi o principal critério responsável pela reprovação. O protocolo mostrou-se preciso na identificação dos critérios de segurança não atingidos pelos pacientes, demonstrando sua sensibilidade em detectar situações de risco. Dessa forma, o PSMS fornece subsídios para a equipe de saúde tomar a decisão administrar ou não um método de alívio da sede, garantindo a segurança do paciente e do profissional. Além disso, este estudo evidencia que estratégias para alívio da sede podem ser administradas já em SRPA com segurança, de modo a diminuir o tempo de sofrimento causado por esse desconforto, ao contrário da prática usual.