Segurança do paciente é compreendida como a redução a um nível aceitável do risco de dano desnecessário associado à assistência em saúde. Nesse contexto destacam-se os Eventos Adversos (EA) decorrentes de erros cometidos por profissionais da saúde que podem ocasionar danos físicos e emocionais temporários ou permanentes no paciente. Em torno de 48% dos EA estão relacionados à atividade cirúrgica, sendo evitáveis entre 30 a 50% dos casos¹. O manual de orientação “Cirurgia Segura Salva Vidas”, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2008, recomenda a utilização de uma lista de verificação de segurança em cirurgia, em forma de checklist². Estudos evidenciaram que a utilização do checklist reduz as taxas de complicações e mortalidade em pacientes cirúrgicos, facilita a coordenação da equipe além de reduzir os erros por falha de comunicação³.

Relatar o processo de implantação e adequação do checklist de cirurgia segura em um hospital ensino.

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, baseado na elaboração, implantação e adequação do checklist de cirurgia segura. Todo esse processo foi conduzido por docentes de enfermagem de uma universidade pública do Estado do Paraná e enfermeiros do bloco cirúrgico e da comissão de segurança do respectivo hospital universitário. O instrumento inicial originou-se de um projeto de extensão sobre segurança do paciente no bloco cirúrgico, desenvolvido desde 2009. Sua implantação no centro cirúrgico ocorreu no ano de 2018, concomitante a treinamentos em serviço e acompanhamento individual da equipe em sua aplicação. Após alterações sugeridas pela equipe, a versão atual está em uso há mais de seis meses, sendo que em março de 2019 foi realizada uma avaliação da taxa de adesão, considerando-se o preenchimento do instrumento em cirurgias eletivas.

O instrumento contempla os três momentos do checklist de cirurgia segura conjuntamente com os demais dados de registro da assistência de enfermagem trans e intraoperatória, de modo a estimular a articulação dos cuidados durante o perioperatório. Observou-se, já no início da implantação, a necessidade de alterações no formato e na abrangência de dados para atender às necessidades institucionais, levantadas pela equipe de enfermagem do bloco cirúrgico e dos setores de internação. Quanto à taxa de adesão ao preenchimento, verificou-se 100% de adesão ao sign in e time out, frente a 87,1% do sign out, demonstrando lacunas nesse momento do checklist. O monitoramento visa identificar os problemas para elaboração de novas estratégias de trabalho com vistas à diminuição da ocorrência dos EA.

Embora o relato trate de um processo recente, conclui-se que o instrumento deve ser avaliado e passar por alterações periódicas que acompanhem as demandas institucionais até alcançar um formato próximo ao ideal para o serviço. Ainda, reforça-se a necessidade da boa integração entre a equipe multiprofissional tanto do bloco cirúrgico quanto externo ao bloco, bem como o monitoramento frequente do preenchimento do instrumento para otimizar as práticas de cuidado e, assim, diminuir a ocorrência dos EA.