A Enfermagem perioperatória preocupa-se com a melhoria da assistência devido ao caráter terapêutico heterogêneo, onde a vitalidade do usuário está comprometida ou exposta aos riscos e complicações operatórias, tanto nas dimensões biológicas quanto psicossociais. Destaca-se o potencial da consulta de enfermagem pré-operatória como estratégia eficaz para a criação de vínculos com o usuário, aprimorando a prática clínica e o processo de cuidado pela resolutividade ao intermediar a promoção e prevenção da saúde,  diagnóstico e  tratamento precoce, oferecendo apoio emocional, promovendo a compreensão dos procedimentos a serem executados e melhorando o prognóstico na recuperação, além de viabilizar ações privativas do enfermeiro amparando a tomada de decisão frente ao gerenciamento de riscos e conflitos.

Descrever a atuação do enfermeiro no ambulatório, identificando os benefícios e impactos organizacionais com a realização das consultas pré-operatórias aos pacientes eletivos.

Trata-se de um estudo qualitativo de caráter descritivo-exploratório, pautado na realização de consultas de enfermagem ambulatoriais pré-cirúrgicas norteados por dois instrumentos, elaborados através de revisão de literatura e adaptado a realidade organizacional, sendo eles, o Relatório de Enfermagem e a Ficha de Orientações Pré-operatórias Eletivas. Essa proposta surge em meados de 2018 com o projeto de extensão aprovado pelo Comitê de Ética da Unioeste em parceria com o Hospital Municipal Padre Germano Lauck, considerado a maior instituição do extremo oeste do Paraná, atendendo a 9ª Regional de Saúde e pacientes advindos da tríplice fronteira, além de ser referência em emergência e trauma. A coleta dos dados procedeu através de discussões coletivas em reuniões periódicas entre acadêmicos de enfermagem, coordenadora do projeto e colaboradores do hospital. A análise dos resultados baseou-se em investigação documental dos prontuários e estudo de fluxo de funcionamento ambulatorial.

A partir da análise dos resultados evidenciou-se que a atuação do enfermeiro nas consultas dinamiza a administração da qualidade dos serviços prestados através da melhora na interação multiprofissional e busca ativa na detecção e resolução de problemas que impossibilitam a prática clínica-cirúrgica e anestésica, além de desenvolver a adesão e compreensão das orientações repassadas ao paciente atreladas aos  procedimentos invasivos, risco cirúrgico, higienização prévia, tipo de anestesia, tempo de jejum, uso contínuo ou suspensão de medicações, cuidados na recuperação pós-operatória, tempo de permanência e duração estimada da cirurgia. Percebeu-se uma desorganização no funcionamento do agendamento cirúrgico interferindo de modo negativo na cobertura para realização das consultas, fator desencadeante de possíveis danos evitáveis ao usuário. Vale ressaltar que as informações coletadas no exame físico e anamnese servem como subsídio para estabelecer um plano de cuidado individualizado e integral, auxiliar da previsão de planejamento de fluídos, vagas de leitos em unidades de terapia intensiva e uso de materiais especiais, refletindo em uma assistência baseada na comunicação terapêutica entre o paciente, sua família e o enfermeiro.

A atuação do enfermeiro nas consultas de enfermagem pré-cirurgias eletivas torna-se indispensável para propiciar uma cirurgia segura, o bem-estar do usuário e avaliando o risco/benefício na prevenção de danos evitáveis. Configurando-se em ferramenta eficiente na administração do cuidado e satisfação biopsicossocial do usuário através da relação paciente-enfermeiro. Foi possível notar que tais ações são desafiadoras para as instituições de saúde e associadas às relações de autonomia e a inserção das consultas do enfermeiro como rotina perioperatória.