INTRODUÇÃO
Entende-se como caixa molhada, aquela que após esterilizada em autoclave apresenta-se úmida externa ou internamente. A umidade presente nas caixas é causada por fatores estruturais e de processos de trabalho e predispõe o rompimento da esterilidade. Tal situação representa elevação de custos e potencial risco para seu uso seguro, impactando negativamente na imagem da instituição, satisfação dos clientes médicos, fluxo da cadeia de trabalho do Centro de Material e Esterilização (CME), turnover cirúrgico e principalmente na segurança do paciente.
OBJETIVOS
Implementar ações e melhorias nos processos relacionados à montagem de cargas em esterilizadores a vapor a fim de reduzir a incidência de eventos com caixas molhadas.
MÉTODO
Trata-se de um relato de experiência realizado em um CME de um hospital geral, privado, situado na cidade de Campinas, Estado de São Paulo, onde no período de janeiro a outubro de 2018, evidenciou-se casos com caixas molhadas que impactaram em 26 cirurgias, visto que a instituição adotou como boas práticas a não utilização de caixas molhadas, sendo necessário o reprocessamento dos Produtos para Saúde (PPS). Diante dessas ocorrências, após acompanhamento dos processos, levantamento de fragilidades, pesquisa bibliográfica, benchmarking com serviços de saúde, e alinhamentos com Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), Engenharia Clínica, Departamento de Qualidade, Centro Cirúrgico (CC) e Gerência de Práticas Assistenciais, definiu-se e implantou-se estratégias para redução dos impactos negativos institucionais. Concomitantemente, encaminhou-se aos cirurgiões e empresas de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME) um informe sobre as ações implementadas. Os resultados foram analisados de novembro de 2018 a abril de 2019.
RESULTADOS
Após análise das técnicas utilizadas, identificaram-se pontos a serem corrigidos relacionados à estrutura e processos de trabalho: divergência nas práticas dos carregamentos das autoclaves; desconhecimento do limite máximo de peso sugerido pelo fabricante para cada caixa e ciclo; ausência de qualificação térmica anual baseada nos parâmetros recomendados; necessidade de ajustes técnicos nos equipamentos; diversidade no layout e matéria prima das caixas de esterilização; fragilidade na instrução de trabalho frente aos tempos de esfriamento dos materiais. Após identificação das inconsistências, realizou-se as seguintes ações: elaboração e exposição de fotos com modelos corretos dos carregamentos das cargas padronizadas, e orientações baseadas nas Recomendações de Boas Práticas; definição do peso máximo aceitável das caixas e carregamento total dos ciclos; aquisição de balança para pesagem de caixas; alteração do impresso de controle dos ciclos; desmembramento de caixas com excesso de peso; substituição da empresa responsável pela assistência técnica dos equipamentos; qualificação térmica anual baseada nos novos parâmetros; substituição dos estojos plásticos por caixas metálicas no preparo; definição de intervalo de tempo para esfriamento das cargas pós esterilização; capacitação da equipe e encaminhamento de comunicado aos cirurgiões e empresas de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME) sobre as ações implementadas. A partir da implementação das melhorias, durante o período de seis meses, não se evidenciou casos de caixas molhadas.
CONCLUSÃO
Anteriormente à implementação das ações, as montagens de cargas nas autoclaves eram subjetivas e divergentes. A partir da padronização realizada, evidenciaram-se impactos quanti qualitativos, com maior comprometimento da equipe no cumprimento das adequações, redução do retrabalho nos processos da CME e a não ocorrência de eventos com cargas molhadas.