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14 Congresso Brasileiro de Enfermagem - 2019 - ISSN N 2317-996X
Resumo: 249-1

Oral (Tema Livre)


249-1

Comportamentos destrutivos em centro cirúrgico: ameaça ao empoderamento do enfermeiro perioperatório

Autores:
ADERLAINE SABINO1, ROBERTA MENESES OLIVEIRA2, WANESSA CAVALCANTE PEREIRA2, NATHÁLIA LUCHO ZIMMER2, RENATA CELLY RODRIGUES SILVA2, JÊNIFA CAVALCANTE DOS SANTOS SANTIAGO2
1 ULBRA MANAUS - UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL, 2 UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Resumo:
INTRODUÇÃO

Comportamento destrutivo no trabalho em saúde, ou comportamento antiprofissional é um constructo complexo e recém introduzido nas pesquisas relacionadas à Segurança do Paciente. Envolve condutas desrespeitosas adotadas no ambiente de trabalho, incluindo agressão verbal, incivilidade, violência psicológica e até abusos físicos/sexuais1. Esse comportamento tem três categorias causais: intrapessoal, interpessoal e institucional, e suas consequências incluem Burnout, maior rotatividade de pessoal e ocorrência de eventos adversos, pois diminuem a possibilidade de decisão conjunta em relação ao paciente. São exemplos desses comportamentos: agressão verbal e explosões de raiva de cirurgiões diante da equipe e do paciente. Em estudo, cirurgiões e anestesiologistas admitiram que mentiram para colegas sobre os cuidados clínicos prestados ao paciente para aplacar ou evitar conflitos2.



OBJETIVOS

avaliar comportamentos destrutivos de profissionais atuantes em centro cirúrgico, segundo condutas características, fatores desencadeantes, respostas e impactos para pacientes, profissionais e instituição.



MÉTODO

estudo transversal e analítico, recorte de pesquisa de adaptação transcultural e validação do Jonhs Hopkins Disruptive Clinician Behavior Survey (JHDCBS)3 para o contexto hospitalar brasileiro. Realizado em 2018 em hospital público do nordeste brasileiro, com 55 profissionais de saúde do bloco cirúrgico (19 enfermeiros, 19 técnicos de enfermagem, 11 médicos, 4 farmacêuticos e 2 fisioterapeutas). Aplicou-se questionário sóciodemográfico/ocupacional e o JHDCBS – Versão Brasileira, instrumento do tipo survey com 47 itens, em escalas Likert dicotômicas (4 e 5 pontos) e padrões de resposta de múltipla escolha, em cinco subescalas: Comportamento antiprofissional; Fatores desencadeantes; Respostas postivas/negativas; Motivo para não abordar; Impactos3. Os dados foram analisados no Software SPSS 23.0. Utilizou-se estatística descritiva e analítica, sendo calculadas frequências relativa/absoluta, medidas de tendência central e dispersão dos itens da escala/subescalas. As médias das subescalas foram comparadas de acordo com as categorias das variáveis demográfico-ocupacionais dos trabalhadores. Adotaram-se testes não paramétricos U de Mann Whitney e Kruskal Wallis, considerando significativo aqueles com p-valor <0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer nº.1.500.026).



RESULTADOS

os profissionais eram, em sua maioria, do sexo feminino (70,9%), com médias de 37 anos de idade (±11,4); 11,6 anos de formação (±10,5); 9,9 anos de atuação no serviço (±10,1); e 42 horas de trabalho semanal. A maioria (92,7%) confirmou já ter observado outros colegas de trabalho serem alvo de comportamento antiprofissional, além da experiência pessoal. Quanto às condutas características mais observadas, destacaram-se: Comportamento Passivo-Agressivo (2,73±1,29); Grosseria/Desrespeito (2,67±1,17) e Conflito (2,62±1,08). Quanto aos fatores desencadeantes, sobressaíram-se: problemas sistêmicos crônicos (3,69±1,35); pressão por conta do número, volume e fluxo de pacientes (3,40±1,21); características pessoais (3,11±1,27) e ambiente sobrecarregado (3,09±1,39). Evidenciou-se homogeneidade quanto às respostas ao comportamento antiprofissional e aos motivos para não abordar os colegas antiprofissionais. Quanto ao impacto, destacaram-se: desgaste emocional (3,53±0,69), diminuição da satisfação no trabalho (3,20±0,97) e dilemas éticos (3,15±0,95). Ressalta-se que 45,5% dos participantes confirmaram ter evidenciado danos ao paciente decorrentes destes comportamentos (21,8% dano temporário e 3,6% morte). Constatou-se associação significativa entre tempo de formação e de serviço com motivo para não abordar a pessoa antiprofissional (p=0,000 e 0,002, respectivamente).



CONCLUSÃO

comportamentos destrutivos são presenciados e vivenciados, frequentemente, no bloco cirúrgico. Suas repercussões incluem a perda da autonomia e a ameaça ao empoderamento do enfermeiro perioperatório, pois causam impacto na comunicação efetiva, causando danos para os pacientes. Faz-se necessário, portanto, o adequado gerenciamento das emoções e dos fatores humanos pelas lideranças destas unidades, além do estabelecimento de código de conduta profissional e ético.



Palavras-chave:
 Atitude do pessoal de saúde, Centro cirúrgico, Incivilidade