INTRODUÇÃO
A intervenção cirúrgica requer um preparo prévio do paciente envolvendo não somente o preparo físico, mas também psicológico, que tem como fase inicial a aceitação sobre a necessidade do procedimento. Na maioria das vezes, esse processo causa alterações na rotina de vida do paciente em razão da necessidade do afastamento de suas atividades diárias e sociais 1.Diversos fatores são necessários para que a cirurgia ocorra dentro da programação, incluindo as condições clínicas do paciente, além do planejamento e programação da instituição de saúde, equipe médica, equipe de enfermagem e setores de suporte ao centro cirúrgico. Na ausência ou falha de qualquer preparo essencial para o acontecimento da cirurgia, o procedimento cirúrgico é suspenso, o que pode contribuir para o aumento do medo e ansiedade do paciente e potencializa o seu estresse emocional, psíquico e físico. Além disso, a suspensão da cirurgia gera insatisfação do paciente e dos familiares e custos adicionais tanto para o cliente quanto para a instituição, podendo repercutir negativamente no desempenho, na produtividade e na qualidade do serviço prestado2,3.
OBJETIVOS
Verificar a taxa de suspensões de cirurgias eletivas e suas causas em um hospital geral.
MÉTODO
Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e quantitativo, realizadoem um hospital geral estadual de nível secundário, localizado na região sudeste do município de São Paulo. A coleta de dados foi realizada por meio da análise do livro de registro e suspensão de cirurgias do centro cirúrgico da instituição.
RESULTADOS
Foram analisados 4.435 procedimentos cirúrgicos sendo 3.019 (68,1%) procedimentos eletivos, 1.276 (28,8%) urgências e 140 (3,1%) emergências. Entre os procedimentos eletivos, 227 (7,5%) cirurgias não foram realizadas, dentre os quais 161(5,3%) procedimentos suspensos, seguidos de 61 (2,0%) absenteísmo dos pacientes e 5 (0,2%) por cancelamentos. Os motivos de suspensão foram principalmente a falta de condições clinicas do paciente em 81 (50%) casos, seguido por 51 (32%) casos de suspensões por conduta médica, 14 (9%) recusa do paciente internado, 10 (6%) atraso no procedimento anterior e 5 (3%) outros. Dentre as condições clínicas que levaram a suspensão dos procedimentos, as infecções das vias aéreas superiores (IVAS) foram responsáveis por 24 (29%) cancelamentos, seguido por 16 (20%)infecções em outros sítios e 15 (19%) por hipertensão arterial sistêmica (HAS). Dentre os motivos de suspensão cirúrgica por conduta médica, destacaram-se 17 (33%) suspensões por falta de preparo por falha da equipe, 11 (22%) por falta de indicação cirúrgica, 8 (16%) por diagnóstico médico incompatível e 6 (12%) por falta de preparo por parte do paciente.
CONCLUSÃO
Apesar da taxa de suspensão apresentada por este estudo ter sido baixa, foi possível identificar as principais causas de suspensão cirúrgica que podem ou não ser mitigadas pela instituição, mostrando que é possível reduzir ainda mais as taxas atuais. A não internação do paciente apresentou taxas significativas e pode ser estudada mais detalhadamente através de uma busca ativa por parte da equipe de agendamento. Igualmente, o número de suspensões por outras causas(motivos não informados ou de motivos sem especificações como “a pedido do cirurgião”) dificulta uma análise mais apurada dos reais motivos das suspensões, fazendo-se necessário que os hospitais se atentem para que não haja omissão ou subnotificação nos relatos de cancelamentos.