As Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME’s) são insumos utilizados na assistência à saúde relacionados a uma intervenção médica ou odontológica, com finalidade de reabilitação, diagnóstica ou terapêutica. A temática OPME é complexa, tem múltiplos atores: pacientes, cirurgiões, enfermeiros, fabricantes e fornecedores, e, diversos interesses envolvidos que se inter-relacionam, exigindo constante acompanhamento do processo e do resultado final.

Implantar a gestão de Órteses, Próteses e Materiais Especiais de acordo com o manual de boas práticas do Ministério da Saúde em um Hospital Universitário. Ratificar a assistência segura através da rastreabilidade das órteses, próteses e materiais especiais utilizadas na instituição.

Trata-se de relato de experiência sobre a implantação da gestão de OPME’s realizada pela coordenação do Bloco Cirúrgico de um Hospital Universitário no estado de Sergipe. Os setores envolvidos: Suprimentos, Área Médica, Centro Cirúrgico, Enfermagem e Farmácia, definiram a criação de um fluxo exequível de solicitação, armazenamento, uso e devolução, quando não utilizados no ato cirúrgico tais materiais. A estruturação do projeto aconteceu no período de janeiro a abril de 2018, tendo sido realizadas cinco reuniões colegiadas, ajustando todos os possíveis entraves, e a implantação ocorreu em maio do mesmo ano.

A solicitação de OPME para cirurgia eletiva ocorre no ato do agendamento cirúrgico, através do preenchimento de formulário específico, atendendo o prazo de antecedência de 48 horas e condicionando a confirmação do agendamento do procedimento à disponibilidade do material em estoque no almoxarifado, evitando surpresas em sala operatória. O formulário pede as seguintes informações: nome do paciente, data de nascimento, número de prontuário e nome da mãe para pacientes menores de idade, diagnóstico médico, indicação clínica para o uso do material solicitado, descrição do material, quantidade e código GENUS (sistema operacional do controle de estoque de insumos e medicamentos da instituição), assinatura e carimbo do médico solicitante. Por se tratar de Hospital Universitário, o residente participa ativamente desse momento. Após preenchimento do formulário, ocorre a solicitação por sistema operacional, etapa realizada pela equipe da Chefia do Centro Cirúrgico que informa ao almoxarifado a necessidade de entrega de tal material no Centro Cirúrgico. Em caso de utilização, as etiquetas do produto contendo descrição, lote e validade são anexadas ao formulário em que o mesmo foi solicitado, em campos específicos para tal e o mesmo tem validade apenas se assinado por todos os integrantes da equipe e responsáveis pelo processo: Cirurgião, Enfermeiro e Circulante de Sala. Em alguns casos, o material solicitado não é utilizado, sendo devolvido de forma física e por sistema GENUS ao almoxarifado. No Centro Cirúrgico, em armário fechado, sob responsabilidade partilhada da farmácia e enfermagem, ficam apenas os OPME’s com uso previsto para as próximas 24 horas. Em situações de urgência ou emergência há, na farmácia do Centro Cirúrgico, um estoque mínimo destes materiais, que seguiram o mesmo rigor de rastreabilidade, sendo dispensada apenas a antecedência de solicitação por inexistência do tempo exigido pelo Ministério da Saúde.

A implantação do fluxo descrito melhorou o processo de trabalho de todas as áreas envolvidas, intensificou a comunicação entre as equipes, facilitou o planejamento de estoque e auxiliou no faturamento dos procedimentos que fazem uso de OPME com comprovação em prontuário do consumo.