O serviço de Centro Cirúrgico (CC) é um setor fechado e devido à complexidade e quantitativo elevado dos procedimentos cirúrgicos, associa-se a esse, os riscos de ocasionar eventos adversos ao paciente decorrente da assistência prestada¹. Embora os procedimentos cirúrgicos tenham a intenção de salvar vidas, a falha de segurança nos processos de assistência cirúrgica pode causar danos evitáveis.  Com esse entendimento, o Ministério da Saúde² do Brasil, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS)² elaborou um Manual para Implementação de Medidas para o projeto Segurança do Paciente: “Cirurgias Seguras Salvam Vidas’’, composto de medidas a serem implementadas com o propósito de reduzir os eventos adversos e a mortalidade cirúrgica. Essas visam o aumento da segurança na realização de procedimentos cirúrgicos, garantindo o local e paciente corretos. Para tanto, é orientado a aplicação de um checklist (lista de verificação) em três momentos cirúrgicos: antes da indução anestésica (sign in), antes da incisão cirúrgica (time out) e antes da saída do paciente da sala operatória (sign out )¹. Considerando os desafios que os CCs ainda enfrentam na conscientização e adesão da equipe, a implementação do checklist para cirurgia segura, foi o que motivou o compartilhamento desse relato.

Relatar a trajetória na reestruturação do checklist de cirurgia segura de um centro cirúrgico de um hospital público de grande porte.

Relato de experiência profissional de caráter descritivo sobre a vivência de enfermeiras e acadêmicas de enfermagem em um centro cirúrgico de um hospital público de grande porte do Estado da Bahia.

O planejamento da reestruturação do checklist de cirurgia segura contou com a participação das duas enfermeiras coordenadoras do CC, uma enfermeira assistencial, o gestor do serviço de educação permanente, duas alunas e uma docente do componente Estágio Curricular Supervisionado II, do último semestre do curso de graduação em Enfermagem de uma Universidade Estadual da Bahia. Nesse planejamento o grupo optou pela utilização de algumas ferramentas da qualidade, com o objetivo de promover maior adesão da equipe multiprofissional a retomada da implementação do checklist. Assim, no primeiro momento foi utilizado o Benchmarking³, com realização de visitas pelas enfermeiras coordenadoras e alunas aos serviços que têm sido exitosos na operacionalização do protocolo. Seguindo foi aplicado um Brainstorming ³ em reunião com técnicos de enfermagem, enfermeiros e no final com a equipe de anestesiologistas e residentes de anestesia, considerados apoiadores importantes no processo. De posse dos dados obtidos com o Brainstorming, foi construído um diagrama de Ishikawa³ com vistas a classificar os fatores considerados como principais interferências na adesão a aplicação do checklist. Posteriormente a este processo, o checklist foi reestruturado a partir das sugestões colhidas através do brainstorming, tornando-o mais objetivo e com informações imprescindíveis para a segurança do paciente, nos três tempos abordados no checklist: sign in, time in e sign out, e assim, executar sua aplicação. 

Discutir a segurança do paciente em um cc de um hospital público nos possibilitou perceber a importância do checklist como mecanismo de inclusão e diálogo, beneficiando e assegurando profissionais, estudantes e pacientes no contexto cirúrgico hospitalar. Destacamos que, as ferramentas de qualidade foram essenciais para avaliar e ampliar o trabalho em equipe, possibilitando aos envolvidos inserção e comprometimento para diminuir ou eliminar os riscos aos pacientes, priorizando sempre a qualidade na assistência.