As infecções do trato urinário (ITU’s) consistem em uma das causas mais prevalentes de infecções relacionadas a assistência à saúde (IRAS), visto que muito comumente relacionam-se a sonda vesical de demora¹. Considerando então, que a grande maioria das ITU’s no meio hospitalar são preveníveis, os bundles – conjunto de medidas baseadas em evidências científicas e que devem ser adotadas de forma integrada, apresentam-se como uma ótima estratégia a ser seguida com o objetivo de prevenir as IRAS².

Descrever a implementação de um bundle de inserção de sonda vesical em um centro cirúrgico.

Trata-se de um relato de experiência realizado em um hospital de grande porte privado do sul do Brasil. Foi desenvolvido pelo Serviço de Controle de Infecção (SCI), um instrumento para acompanhamento das medidas preventivas de infecção durante a inserção da sonda vesical de demora, de forma a ser aplicado no momento do procedimento na sala cirúrgica, pelos enfermeiros ou técnicos de enfermagem. O instrumento é fornecido para equipe junto com os materiais para o procedimento e contém os seguintes itens: higiene perineal antes do procedimento, higiene de mãos adequada antes de calçar as luvas estéreis, antissepsia do local, uso de campo estéril, manutenção da técnica asséptica durante  procedimento, fixação adequada da sonda vesical, estabilização da bolsa coletora em local adequado, de forma que mantenha abaixo do nível da bexiga, sem encostar no chão e registro adequado da inserção da sonda vesical. As respostas foram compiladas pelo SCI em sistema próprio da instituição e posteriormente quantificados.

A avaliação foi realizada no período de janeiro a maio de 2019. Foram realizados neste período 246 observações do procedimento, pelos colaboradores do centro cirúrgico e acadêmica de enfermagem do SCI. Destas identificou-se 100% de adesão nos itens: utilização de campos estéreis, manutenção de técnica asséptica e estabilização da bolsa coletora de forma adequada. Seguindo dos itens: 99,5% de antissepsia adequada, 96% de fixação adequada da sonda, 95% de adesão a higiene de mãos antes de calçar as luvas estéreis, 93% de conformidade da bolsa coletora não encostar no chão, 92% no registro adequado da inserção e 81% de higiene perineal antes do procedimento.

A ação da observação direta da técnica de inserção de sonda vesical de demora no paciente cirúrgico apresentou uma boa adesão pelos colaboradores e muito contribuiu e segue contribuindo para o aperfeiçoamento desta prática, pois a cada observação é realizado o feedback para as enfermeiras, visando a educação continuada. Tal contribuição tende a fortalecer a cultura de prevenção de IRAS na instituição, garantindo, então, um cuidado de maior qualidade e segurança ao paciente no centro cirúrgico.