INTRODUÇÃO: O ambiente cirúrgico é considerado de risco para iatrogenias, em razão das próprias características do cuidar, da diversidade dos procedimentos cirúrgicos e de diagnósticos, bem como da intensa circulação de profissionais, compondo uma das unidades do hospital em que os eventos adversos (EAs) são mais frequentes, sendo evitáveis em até 43% dos casos. Os eventos adversos são danos ou lesões originárias do cuidado que resultam em incapacidade ou disfunção, temporária ou permanente, e até mesmo em morte entre os usuários dos serviços de saúde. Dentre os eventos adversos que ocorrem no período perioperatório destacam-se as complicações decorrentes do posicionamento cirúrgico. Lesões de pele ocasionadas no período intraoperatório podem variar desde eritema que comprometa a integridade da pele, a lesões extensas como queimaduras causadas por bisturi elétrico e acessórios ou mesmo lesões por ficção ou cisalhamento em decorrência da exposição cirúrgica sem os devidos cuidados de prevenção no posicionamento. E independentemente da posição do paciente, as proeminências ósseas e áreas de alta pressão devem ser protegidas.

OBJETIVO: Avaliar a ocorrência de lesão de pele no período intraoperatório decorrentes de procedimentos cirúrgicos realizados em um hospital universitário de grande porte.

MÉTODO: Estudo de corte transversal, de caráter descritivo, com abordagem quantitativa. Realizado no centro cirúrgico e nas enfermarias de clínica cirúrgica de um Hospital Universitário. A amostra por conveniência foi constituída por 154 pacientes submetidos a cirurgias eletivas entre os meses de janeiro a abril de 2018. A coleta de dados foi executada em dois momentos, sendo eles: Visita pré-operatória e no 1º dia de pós-operatório. No período pré-operatório imediato, os pacientes foram identificados na visita pré-operatória, convidados a participar da pesquisa e orientados sobre o protocolo do estudo. Os dados sócio demográficos, clínicos e avaliação das condições da pele do paciente internado foram coletados na enfermaria cirúrgica de origem do paciente, utilizando-se instrumento específico para registro das observações. No primeiro dia de pós-operatório foram realizadas as segundas avaliações em uma nova visita ao paciente na enfermaria cirúrgica de origem a partir de 24 horas até 48 horas após o procedimento anestésico cirúrgico, com a finalidade de verificar se ocorreu o desenvolvimento das lesões através da inspeção das condições da pele. A Escala de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico do Paciente (ELPO) foi utilizada para avaliação do escore de risco e para avaliação dos fatores associados à lesão.

RESULTADOS: A avaliação das condições da pele no período pré-operatório revelou que 147 (95,5%) pacientes não apresentavam lesões cutâneas neste período. Entretanto, sete (4,5%) foram admitidos centro cirúrgico com algum tipo presente de lesão cutânea, dentre elas: pé diabético/lesão vascular em pé/perna (37,5%), escoriações (12,5%), doença dermatológica do tipo psoríase (12,5%), queloide (25%), e infecção de partes mole (12,5%). No período intraoperatório, dos 154 pacientes, 7 (4,5%) apresentaram lesões de pele, como lesões por pressão estágio I, estágio II e abrasão. As variáveis tempo do procedimento cirúrgico, tipo de anestesia e comorbidades foram os principais fatores de associados a ocorrência de lesões identificados.

CONCLUSÃO: Ocorreu lesão por pressão em deccorreência do posicionamento cirúrgico em 4,5% da população estudada. Evidenciou-se que a Escala de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico (ELPO) permite identificar fatores associados ao desenvolvimento de lesões intraoperatórias.