Os profissionais que exercem atividades relacionadas a saúde estão constantemente sob o risco de adquirir ou transmitir infecções através de sua prática. Práticas seguras fazem-se necessárias para a prevenção de acidentes ocupacionais e transmissão de infecções aos pacientes. A prática da odontologia também se enquadra nesse contexto. Ao atuar no sistema estomatognático, a equipe de saúde bucal entra em contato direto com doenças infectocontagiosas, sendo imprescindível o controle de infecções cruzadas e o atendimento as normas de biossegurança. Essas práticas devem ser aprendidas e respeitadas inclusive nos ambientes de ensino e vão desde o processamento de artigos médico-odontológicos até o atendimento ao paciente. Assim como ocorre nas instituições de saúde, faz-se necessário que estratégias de educação continuada sejam implementadas nos diversos cenários de prática de ensino de forma a disseminar a cultura de segurança entre a comunidade acadêmica.

Diante desse contexto, esse trabalho objetivou a construção de um manual de Biossegurança para os discentes, docentes e técnicos de um curso de Odontologia de uma Instituição de Ensino Superior Pública.

O manual foi construído de forma interdisciplinar e participaram da construção, além de docentes e discentes do curso de Odontologia, os enfermeiros da Central de Material Esterilizado (CME) do curso. O manual buscou abranger as principais práticas de biossegurança a serem adotadas nas clínicas odontológicas, assim como laboratórios e CME.

O trabalho produzido abrangeu temáticas como higienização das mãos, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e boas práticas para o processamento de artigos médico-odontológicos. Foi realizada pesquisa bibliográfica sobre as normativas de biossegurança que devem ser utilizadas na prática odontológica adotada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A Norma Reguladora 32 (NR-32) foi utilizada como diretriz para orientar e auxiliar quanto às práticas de segurança em serviços de saúde, devido aos diversos riscos ocupacionais aos quais os profissionais estão expostos. Entre essas normativas utilizadas, algumas publicações da ANVISA também foram utilizadas, como o manual de Serviços Odontológicos e o manual de Segurança do paciente: Higienização das mãos. Para o processamento de artigos médico-odontológicos o manual seguiu a normatização da RDC nº 15, de 15/05/2012, que dispõe sobre requisitos de boas práticas para o funcionamento dos serviços que realizam o processamento de produtos para a saúde visando à segurança do paciente e dos profissionais envolvidos, além de direcionar procedimentos realizados na CME. Alguns artigos com significativa importância ao tema proposto também foram selecionados. O manual foi divulgado para a comunidade acadêmica docente e discente com o apoio das chefias de departamentos e do centro acadêmico. De forma adicional ao manutal, também foram confeccionados cartazes autoexplicativos orientando sobre o Procedimento Operacional Padrão para a limpeza e esterilização de canetas de alta e baixa rotação, os quais foram distribuídos nas clínicas do curso de Odontologia e na CME. O manual foi construído em 2015 e já passou por sua primeira revisão. Encontra-se disponível para consulta e download no site da Universidade.

Com a publicação deste manual, o Curso de Odontologia dá continuidade ao processo de constante atualização, discussão e permanente aprimoramento dos corpos discente, docente e técnico sobre as práticas de biossegurança e o processamento de artigos médico-odontológicos, garantindo uma melhor estruturação dos campos de atuação dos discentes em formação e garantia de atendimento seguro para a equipe odontológica e para os pacientes.