O Centro Cirúrgico (CC), interfere direta e indiretamente nos indicadores hospitalares e apresenta a taxa de atraso cirúrgico um indicador de processo que explana a eficiência, a otimização operacional e financeira e a satisfação de clientes internos e externos. Neste sentido, este indicador surge como ferramenta gerencial que embasa a tomada de decisão e o bom desempenho do CC, contribuindo para a qualidade no âmbito da saúde com base no uso eficiente de recursos, na minimização de riscos e na excelência do serviço prestado. O Ciclo PDCA (Plan, Do, Check and Act) apresenta-se como metodologia que oportuniza a avaliação deste indicador, a intervenção e a correção de problemas por meio de critérios e do envolvimento multiprofissional ao uso eficiente de recursos, à minimização de riscos e à satisfação do usuário.

Descrever a experiência em um CC ambulatorial que utilizou a metodologia do ciclo PDCA para a redução da taxa de atraso cirúrgico.

A partir do ciclo PDCA, foram identificados causas e fatores secundários aos atrasos e elaborado um plano de ação com definição de responsáveis, metas, meios e prazos; em seguida, foram executadas as tarefas de sensibilização e educação às equipes administrativa e de enfermagem dos setores relacionados e delegadas atividades operacionais e registros.  A taxa de atraso e seus efeitos foram então comparados e as ações bem sucedidas uniformizadas.

As principais causas de atraso foram: não cumprimento do horário agendado pelas equipes médicas, atraso na chegada do paciente em unidade para internação e cuidados pré-operatórios, falta de atendentes em número suficiente para abertura dos atendimentos e de técnicos de enfermagem para admissões e encaminhamento de pacientes ao CC em horário de maior demanda e tempo elevado para leitura de contratos cirúrgicos e de internação pelos pacientes. As ações de melhoria foram planejadas e implementadas em Fevereiro de 2018 pelas enfermeiras do CC, setor de internação e gestores assistenciais, sendo determinadas novas tarefas de disponibilização de um assistente de atendimento e de um técnico de enfermagem para auxílio nas admissões dos pacientes nos horários nobres, definição de horário do transporte de pacientes ao CC entre equipes deste setor e do setor de internação, forecast entre equipe de atendimento e enfermeiras, discutindo preparos específicos do procedimento a serem orientados em contato telefônico com o paciente em 72 horas de antecedência da data de procedimento, ampliação do horário de chegada do paciente em unidade para internação, realização de notificação de ocorrência em sistema interno dos atrasos médicos e abordagem direta às equipes com maior frequência de atraso pelos enfermeiros do CC, orientando quanto ao impacto operacional. Após as ações realizadas, observou-se que a taxa de cirurgias que ocorrem sem atraso apresentou melhora gradativa, passando de 79,1% no mês de Fevereiro de 2018 para 94,4% em Abril do mesmo ano, mantendo-se acima da meta de 90% e em constância nos meses posteriores.

O uso da metodologia PDCA possibilitou solucionar problemas relacionados ao atraso cirúrgico, trazendo melhorias na otimização dos recursos humanos, aumento da produtividade, da qualidade e da efetividade assistencial no atendimento prestado, maior proatividade das equipes e pacientes melhores informados e participativos em seu cuidado.