O procedimento cirúrgico é complexo devido à quantidade de pessoas envolvidas, a gravidade do estado do paciente, a quantidade de informação solicitada, a necessidade com a qual deve ser processada e as exigências técnicas sobre os profissionais de saúde. Sabe-se que a satisfação é definida como a reação do usuário à experiência de utilizar um serviço ou de adquirir um produto de acordo com a sua expectativa. O trabalho da enfermagem no período perioperatório, tem como objetivos aumentar a segurança e autoestima do paciente, estabelecer interação, reduzir ansiedade, garantir segurança física, controlar assepsia, monitorizar condições fisiológicas e psicológicas, diminuir a morbimortalidade e realizar atividades em conjunto com a equipe multidisciplinar. Dentre as cirurgias mais realizadas do mundo, encontram-se as cirurgias de oftalmologia, sendo elas: Facectomia, Retinopexia/vitrectomia, Antiglaucomatose, Correção de estrabismo, Transplante de córnea e Cirurgias refrativas.

Descrever o impacto da qualidade de vida e a satisfação do paciente no período perioperatório submetido ao procedimento cirúrgico oftalmológico.

Trata-se de estudo, transversal, descritivo, quantitativo. O estudo foi realizado no Centro de Referência em Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Universidade de Goiás. Trata-se de um serviço pioneiro no atendimento a usuários do Sistema Único de Saúde atuando como referência para o município de Goiânia. As populações do estudo foram com pacientes atendidos e submetidos aos procedimentos cirúrgicos no período de 01 a 31 de março de 2018. A coleta de dados foi realizado entrevista estruturada com abordagem individual: Formulário sociodemográfico e Instrumento de Satisfação do Paciente.

Na comparação das médias de qualidade de vida antes e após a cirurgia, observou-se diferença estatisticamente significante em todos os subdomínios do questionário. Verifica-se que a qualidade de vida foi melhor após a realização da cirurgia.
A maior alteração de média de satisfação obtida pelos pacientes foi em relação à visão geral, que antes da cirurgia apresentou escore de satisfação de 29,65 e, após a cirurgia, aumentou para 89,87. Outras médias altas observadas foram nos domínios “dependência” e “saúde geral”.
As dimensões saúde mental e atividades diárias, apresentaram escores de 68,23 e 60,9, respectivamente, indicando área que necessita de maior apoio da equipe de saúde para melhorar o grau de satisfação frente às ações vinculadas às respectivas dimensões. Verificou-se que independente da idade, escolaridade e sexo, o aumento da satisfação geral foi estatisticamente significante após a cirurgia.

A partir do estudo foi possível verificar a influência da saúde ocular, qualidade de vida e satisfação dos pacientes. Conhecer a percepção dos pacientes submetidos a cirurgia sobre os domínios da qualidade de vida pode fornecer indicadores para a equipe de saúde e direcionar as orientações específicas para cada paciente. Neste estudo, o aspecto social foi à dimensão melhor pontuada pelos idosos, surgindo como aspecto favorável que pode ser utilizado pela equipe de saúde para apoiar ações de intervenção que auxiliem na melhoria das dimensões de saúde mental e atividades diárias, identificadas com baixos escores.
Nesse contexto, a enfermagem ganha destaque relevante, apesar de não ser uma área contida na grade curricular dos cursos de graduação, o que implica na necessidade de avançar na construção de significados e responsabilidades do enfermeiro em oftalmologia, a fim de contribuir com a resolutividade e segurança da assistência oftalmológica.
Uma ferramenta que pode ser utilizada para o acompanhamento de pacientes no pós-operatório e que independe do espaço geográfico é o telemonitoramento.