Dentre as cirurgias minimamente invasivas os procedimentos urológicos, especialmente a prostatectomia robótica apresenta destaque já que vem alcançando resultados oncológicos semelhantes aos da laparotomia, com a vantagem da melhor preservação da função erétil em função da dissecção precisa dos nervos pélvicos, atualmente considerada padrão de excelência na operação do câncer da próstata.⁽¹⁾ Devemos considerar que a precisão no posicionamento do paciente para encaixe robótico exato é essencial para a segurança do paciente, onde a equipe deve lidar com múltiplos desafios ao posicionar os pacientes para a cirurgia assistida por robô, a fim de impedir o movimento do paciente e a lesão relacionada à pressão antes e depois de posicionar o dispositivo robótico para o procedimento.⁽²⁾  Para este procedimento o posicionamentos cirúrgicos são Trendelenburg acentuado (15 a 20º), associado à posição litotômica; e decúbito lateral direito ou esquerdo.⁽³⁾  Estes fatos motivaram este estudo com a finalidade de preservar o paciente aos riscos que são expostos ao submeter-se a um procedimento cirúrgico robótico.

O objetivo é relatar a experiência de desenvolvimento de um dispositivo de proteção de membros superiores para segurança do paciente no posicionamento em cirurgia robótica.

A metodologia da pesquisa é descritiva, narrativa, do tipo relato de experiência, realizada no centro cirúrgico de um hospital de grande porte da cidade de São Paulo, com 17 salas cirúrgicas, sendo que duas destinada à cirurgia robótica.

Para buscar promover uma proteção eficaz dos membros superiores em pacientes submetidos a cirurgia de prostatectomia robótica, era adaptado para os MMSS coxins de calcâneos de espuma perfilada, compressas cirúrgicas e fitas adesivas hospitalares, porém a equipe de enfermagem percebia a necessidade de proteção sem adaptações, mas não encontrava disponível produto com esta finalidade especifica no mercado. A equipe de enfermagem reuniu-se com a empresa produtora dos protetores de calcâneo, e apresentou um projeto para o desenvolvimento de coxim especifico de espuma, com perfil especialmente desenhado (formato caixa de ovo), com abrangência total superior e mediante a discussão do grupo foi desenvolvido um protótipo para avaliação, diante deste houve solicitação de adaptação de tamanho e inclusão de 4(quatro) fechos para fixação de equipo e cabo de monitorização. Após revisão do protótipo, foi testado o uso em 20 pacientes no período de agosto a novembro de 2016. Durante este período os pacientes foram acompanhados no intraoperatório e pós-operatório, avaliando o dispositivo quanto à ausência de lesão e queixa de dor. Com retorno positivo, o dispositivo foi provado para confecção, pois evidenciou-se que não houve nenhum evento adverso e a adaptação era perfeita demonstrando a eficiência e segurança. O correto posicionamento reduz consideravelmente os riscos e eventos adversos por queimaduras, lesões por posicionamento em proeminências ósseas, fricção e cisalhamento, sendo capaz de manter o alinhamento e estabilidade dos membros superiores, evitando o atrito com equipo de infusão, cabos sobre a pele e protegendo-os dos metais da mesa cirúrgica.

Concluímos através da experiência e relato dos profissionais envolvidos no cuidado, que o dispositivo evitou danos decorrentes da posição cirúrgica em pacientes submetidos a cirurgia robótica, destacou a atuação do enfermeiro, cujo olhar diferenciado para boas práticas, segurança e integridade física dos pacientes, com enfoque na melhoria e acompanhamento de indicadores e intuito de planejar ações voltadas a melhor assistência no intraoperatório é um padrão de excelência na assistência às cirurgias robóticas.