As doenças cardiovasculares (DC) são um grupo de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) que afetam o coração e o sistema circulatório e são, atualmente, a principal causa de morte no mundo. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, somente em 2015, 17,7 milhões de pessoas morreram devido às DC¹ e uma estimativa aponta que até 2030 este número pode aumentar para 23,4 milhões. Denominado “Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento DCNT no Brasil, 2011 – 2022”², seu principal enfoque se dá sobre a redução e o controle de fatores de risco como o consumo nocivo de álcool, tabagismo, sedentarismo, obesidade, adesão a dietas não saudáveis, consumo excessivo de sal, entre outros. Sabe-se hoje que a aquisição de conhecimento, associada à participação da população em programas multidisciplinares ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ajuda os indivíduos a obterem uma percepção correta do seu estado de saúde, possibilitando a modificação de suas crenças, comportamentos e hábitos ruins¹. Neste contexto  é de suma importância o papel do profissional da saúde na promoção da educação em saúde, utilizando dos espaços em que está inserido para realizar atividades educativas para a população. No Centro Cirúrgico Ambulatorial (CCA) realizam-se cirurgias de baixa complexidade, e,  muitas vezes, o acompanhante fica ocioso da sala de espera e a realização de atividades educativas podem se configurar em estratégia interessante com vistas à promoção da saúde e humanização do serviço.

Relatar a experiência de um projeto de extensão universitária que desenvolve atividades de educação sobre doenças cardiovasculares em uma na sala de espera de um CCA. 

Trata-se de uma relato de experiência de um projeto de extensão com início no ano de 2019. O projeto é direcionado aos acompanhantes dos pacientes em cirurgia no CCA de   um hospital secundário público que realiza aproximadamente 400 cirurgias por mês.  Participam do projeto docentes de enfermagem em centro cirúrgico, graduandos em enfermagem e enfermeiros do centro cirúrgico e  CCA.  A primeira etapa do projeto foi a identificação das lacunas dos conhecimentos por meio do “Questionário para educação da doença arterial coronariana” , composto por 20 questões (verdadeiro, falso e não sei).

Dos 50 participantes, 58% são do sexo feminino, com média de idade de 38 anos, variando de 20 a 84 anos, com média de 12 anos de estudo e com 18% relatando hipertensão arterial sistêmica e diabetes melittus tipo II. Dos acompanhantes, 38% erraram as questões sobre estresse, a relação entre apnéia do sono e o risco de ataque cardíaco e morte e 32% sobre alimentação e diabetes. Ademais, 64% não souberam responder questões sobre medicações para a dislipidemia e 44% sobre atividade física e 32% sobre alimentos ricos em colesterol.A partir da análise dos resultados, foram criados pequenos vídeos explicativos sobre temas como dislipidemias, sinais e sintomas do infarto agudo do miocárdio e angina, importância de atividades físicas a alimentação saudável, entre outros, que passaram a ser exibidos nos televisores da sala de espera do CCA. Além disso, semanalmente, pequenas palestras serão realizadas, tanto para a orientação da população como a identificação de demais lacunas do conhecimento e o interesse do público pelos vídeos educativos.

O projeto traz uma visão ampliada do enfermeiro do CCA, incluindo os familiares em seu plano de cuidado, com uma estratégia de acolhimento, humanização e promoção da saúde. Ademais, espera-se que o presente trabalho subsidie outras atividades de educação em saúde em diferentes cenários.