Introdução: Endoscópios são dispositivos, com finalidade terapêutica e diagnóstica que possibilita a inspeção das estruturas internas do corpo. Os endoscópios são classificados como produtos para à saúde semicrítico, para os quais é recomendada a desinfecção de alto nível. Segundo a RDC n^o 06 de 2013 os passos para o processamento são; pré-limpeza, teste de vedação, limpeza manual ou manual/automatizada, enxágue, secagem, DAN manual ou automatizada, enxágue, rinsagem com álcool a 70%, secagem e armazenamento. O design dos endoscópios propicia adesão da matéria orgânica e micro-organismos, tais como, vírus da hepatite B e C, Salmonella sp, Pseudomonas aeruginosa, mycobaterias, fungos, parasitas ou até mesmo facilitarem o desenvolvimento do biofilme. As pesquisas abordam que a infecção relacionada a endoscópios por meio de transmissão do dispositivo contaminado está associada a falência das etapas do processamento, sugerindo seguir um protocolo para realizar o processamento. 

Objetivos: Caracterizar o cumprimento de um protocolo padrão ouro para o processamento de endoscópios. 

Método: Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e observacional, que foi realizado na unidade de endoscopia de um Hospital Universitário, localizado no Centro-Oeste do Brasil no período de junho de 2018 a maio de 2019. A unidade de endoscopia implementou em 2018 um protocolo "Padrão ouro de processamento" elaborado à partir de guias nacionais e internacionais e submetido à avaliações de expertises na área. Para a coleta foi realizada a observação pelos pesquisadores diante as etapas do processamento descritas no respectivo protocolo e registrado os dados no próprio instrumento em formato de checklist. O projeto de pesquisa está vinculado a um projeto âncora aprovado em comitê de ética sob o protocolo 2.130.585/2017. 

Resultados: Mediante a implementação do protocolo padrão ouro na endoscopia foram observados 10 profissionais que realizaram cada etapa do processamento de endoscópios três vezes, totalizando em 30 observações. Realizamos a observação um mês e seis após a implementação do protocolo. Nas observações diretas, destacamos alguns achados importantes um mês após a implementação do protocolo, como, na etapa da limpeza seis (20%) processamentos não realizaram o teste de vedação, ninguém cronometrou o tempo de imersão dos aparelhos na solução de limpeza, seis (20%) aparelhos processados foram utilizados detergentes neutro junto com o enzimático, sendo que essa prática não é recomendado no protocolo, três (10%) não inseriram as escovas no canal de sucção, nenhum utilizou o boroscópio para inspeção dos lúmens, sendo esta prática é recomendada no protocolo. Entretanto, após seis meses, uma nova observação foi realizada onde obtivemos que todos os aparelhos foram submetidos ao teste de vedação. Ainda neste momento, observamos que dos 30 processamentos de endoscópios, nenhum utilizou o boroscópio para inspeção dos lúmens. Podemos destacar que, na etapa da desinfecção de alto nível 27 (90%) realizaram o ciclo incompleto na desinfectadora automatizada e na etapa do armazenamento do aparelho 26 (86,66%) aparelhos foram armazenados sem a higienização das mãos dos profissionais. Todavia, após seis meses, a observação nos mostrou que, na etapa da desinfecção de alto nível, obtivemos uma adesão de 30% no ciclo completo da desinfectadora automatizada e na etapa de armazenamento do aparelho (63,33%) aparelhos foram armazenados sem a higienização das mãos dos profissionais.

Conclusões: Concluímos que, o cumprimento do protocolo padrão ouro para o processamento de endoscópios apresentou melhor adesão da equipe de trabalhadores da área da saúde após seis meses de implementação e execução do mesmo.