Durante procedimento cirúrgico, pacientes necessitam ficar na mesma posição durante um longo período, a imobilidade necessária para a realização da cirurgia pode ser fator de risco para o desenvolvimento de lesões de pele¹.

Verificar a correlação da ELPO com os fatores de risco para lesão por pressão no pós-operatório imediato em pacientes que realizaram cirurgia geral, com base em análise de prontuários.

Pesquisa transversal, quantitativa, realizada em abril/maio de 2019, em prontuários de pacientes, submetidos à cirurgia geral e que realizaram o pós-operatório imediato na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital privado de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Analisados prontuários de cirurgias realizadas de janeiro de 2018 a dezembro de 2018. O estudo foi norteado pela Resolução 446/12 do Conselho Nacional de Saúde. Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa das instituições proponente (3.104.397) e coparticipante (3.113.441). Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva (médias ± desvio padrão) e inferencial (utilizado o programa SigmaStat® 3.1, através dos testes: ANOVA, para aqueles onde houvesse mais de um grupo e variáveis quantitativas; teste t de Student, para comparação de dois grupos e variáveis quantitativas. Para verificação das associações existentes utilizou-se teste de correlação de Pearson. Para variáveis quantitativas utilizou-se teste Kolmogorov-Smirnov). Utilizado um valor de P≤0,05 para considerar como diferenças ou associações estaticamente significativas.

Foram analisados 139 prontuários que correspondem a 100% dos pacientes que realizaram o pós-operatório de cirurgia geral na UTI em 2018, na instituição pesquisada. A idade dos pacientes variou de 20 a 80 anos sendo a média de 60 anos. A média de duração das cirurgias foi de 200 minutos. Na análise da classificação ASA, verificou-se que 66% dos pacientes foram classificados como ASA II e apenas 2% como ASA IV. Não foi encontrada diferença estatística significativa entre os grupos de ASA (I, II, III ou IV) quanto ao ELPO calculado (P=0,138), tampouco com a de BRADEN (P=0,210). Os valores de ELPO e BRADEN não apresentaram correlação (r=0,011). No que diz respeito ao tipo de anestesia, 63% realizaram anestesia geral e apenas 37% realizaram anestesia conjugada (geral + regional). Não foi encontrada diferença entre os valores de ELPO e o tipo de anestesia (P>0,05). Quanto ao tipo de cirurgia, 90% foram eletivas. Não foi encontrada diferença entre os valores de ELPO comparando o tipo de cirurgia (eletiva e urgência) (P>0,05). Não foi encontrada diferença entre os valores de ELPO comparando o sexo feminino e masculino (P>0,05). Em relação ao posicionamento cirúrgico, houve diferença estatística significativa (P<0,001), apontando que a posição de litotomia apresenta maior risco de lesão por pressão em relação à posição supina.

Os resultados deste estudo apontam o risco de o paciente apresentar lesão por pressão no pós-operatório imediato e, que há relação significativa com o tipo de posicionamento cirúrgico, neste caso, litotomia. Os resultados denotam que o fator ASA, tempo de cirurgia, idade maior que 60 anos e tipo de anestesia são fatores de risco para lesão, obtendo maior índice na escala de avaliação ELPO. A escala de Avaliação de Risco para Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico do Paciente (ELPO) é uma ferramenta que pode auxiliar o enfermeiro no momento da escolha do melhor cuidado relacionada a posição cirúrgica, promovendo uma assistência mais segura.